segurar a lenha, segurar o fardo, secar a poça, abrir o atalho, remanejar o gado, esperar esfriar, farinhar, selar, conter, escrever, relembrar, comer, conter-se, entender ::
tudo isso sem gemidos, sem pedir folga ou gratidão, sem pequenez ::
tudo isso pela cósmica unção, pela cosmologia cabocla, pelo calor de sentir os estalos regionais da identidade cultural nossa inteira ::
tudo isso com um vaso nacional à cabeça, um chá, um turbante, um colar indígena de perdão à alma reveladora do brejo humano ::
um colar, um anel, uma bênção ::
e espalho saúde, e sou farto em disposição, oitenta vezes a mudança que eu desejei um dia, meu pai é corpo das emas e calor totêmico da junção das formigas ::
meu pai é pote e pipa de barro, é carro que anda e navega, é jurema a vadiação nas vozes de um terreiro, mais milagres provocados pela maconha ::
e estremeço ::
a força das mães em suas não-folgas de recomeços em eternos ares de produção e frutas ::
não há sol que me derreta :: sou de cimento e barro :: sou de poeira longínqua e sonho estar implacável como uma multidão ::
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