terça-feira, 28 de julho de 2020

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LIVRE

vc tem a umidade necessária para se parecer com todas as mulheres, mesmo sendo uma :: não temendo
qualquer tipo de adversidade, vai sendo espelho para muitas, várias, em um espaço necessário
de simpatias e identificações :: não há nenhuma dondoquice, nenhum fricote, nenhuma frescura ::
tua fragilidade é a mesma da natureza - serva, e soberana; revolta, e ameaçada de destruição ::
única :: inigualável :: estamos juntos há muito tempo, pregados um ao outro, revelando-nos mutuamente
na vida tempestuosa de muitos filhos (cinco, ao todo), agrados, conquistas, enjoos :: somos absolutamente
livres, e é isso que entendo como o livro de nosso casamento, essa união, cheia de pontos, que é um 



bordado e que nos desenha, misteriosos :: como agora, em toda a liturgia pela união da vida a partir
da dignidade da alimentação, da comida, como se o mundo, tão cheio de corrupção, estivesse
precisando ficar lá fora, enquanto cozinhamos e comemos sem culpa, tornando 
mais clara a força do
bem-estar em família :: é por isso que meus sonhos são sempre sinceros, contigo :: e é por isso que
sei que te mereço, apesar de teus níveis mais elevados, que os meus, de sensibilidade e pureza ::
nessa incompreensão que nossa alma profunda gera, sem que ninguém veja, está uma alusão
ao simbólico matrimônio sagrado, o perfeito casal que compreende com nitidez as agruras de dEus ::
vamo-nos casando, sagrados, enquanto se desfazem na volta os rótulos e os falsos compromissos
de sossego a dois, as falsas promessas de ternura e apreciação entre homem e mulher :: somos tímidos,
como dois pássaros, e isso nos aperfeiçoa o canto e o passo, a condução certa, pelo interior da senda da vida ::


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minha esposa passeia pelas melhores habilidades de casa, auxiliada pelas vozes ocultas do feminino,
que são palavras da mansa sabedoria divina :: oculta-se nela o poder divinatório da comida, que a torna
qual cOra coRalina, a mulher mais forte, a minha queriDa e maior fonte :: minha esposa pinta e aumenta o pensamento
feminino dentro de nossa casa :: minha esposa não é só lindA :: é a mais linda, porque a mais feminina ::
sou da corrente marítima do valor materno :: sou o que ela, no fundo, na intimidade mais íntima
do ser perfeito cozido em sua panela, colhe como paz na colheita :: eu sou a matéria de seu útero
a mim costurado, como tenso amor cansado de guerra :: eu sou o último guerreiro que seus olhos




já cansados de procurar podem ver :: eu sou a sua cria :: eu sou a verdade pura, filtrada, última,
uma espécie de água que voa a lhe alisar as saias, ou um vento a lhe balançar as mais altas folhas :: e nessa lentidão
amorosa, que nos une desde que chegamos aqui em Goiânia, a partir de forças longínquas, reforçamos
nossas vidas - eu, como poeta amoroso, brincador, artista; ela, como a ilustração mais perfeita da mulher
mais bonita, a mais real de todas as princesas que a minha imaginação infinita a mim mesmo
deixa ver, árvore misteriosa, antiga, imensa :: a própria cor terna, perigosa e tentadora, a inspirar
o amor à pátria e à língua :


><



CANTO ESTICADO

estou sem pressa para te amar porque o meu país é a nossa
calma, os incensos que queimamos,
o jeito vagaroso
de nos encontrarmos, os jarros, os azeites, o calor de uma
imensidão :: não existe propriamente uma fórmula de homem que sinalize

tua felicidade, e por isso sou calmo :: não existe também cabeça
capaz de te pensar, e por isso sou
um fruto novo,

que melhora com a idade e a razão :: eu estou nos teus cabelos brancos, desses
teus 50 anos que nos impulsionam :: são raios que nos movimentam, e por isso a cada dia
eu tenho mais candura nos pensamentos,
nos carinhos, e na maneira de andar ao teu lado :: sei que estás

sempre com um bebê novo, sorvendo, precisando de elogios e manutenção, e que isso
te faz de ferro ::
sei que nossa felicidade não se compra, e que por isso
não há casa, ou carro, mobília ou simples
eletrodoméstico que nos resolva :: e que um dia juntaremos
dinheiro em profusão, mas de maneira





adulta, justa e delicada ::
estou sempre apaixonado, porque o teu espírito
espalha os seus brinquedos :: uma ferocidade de limpar
o pátio e deixar as coisas nos teus jeitos ::: uma intensidade
espantosa daquela menina valente,

e esses brinquedos todos super fantasiam teus templos, as coisas
que te agradam :: e aqui me deixo,
qual oferenda, batendo palmas, colocando brincos em teu cabelo :: trago
flores e rosas, perfumes


e longínquas revelações do teu ser me conectam a essas
adorações que eu teço, como teu soldado ::
sou o teu soldado, mandado, e por pedras atingido :: dourado e antigo :: e agora,
depois de o caetano haver nascido,

eu sou um tudo que sonha, projeção dos teus cachos levíssimos, tua barriga
feito pedra, teus peitos
de deusa :: observo que há em tua cintura um poder :: com
ele, estou dez mil vezes mais forte,
como se meus dardos, com que me sonho, melhor
sondassem no futuro o ouro :: estou encantado com a tua pessoa

e a tua viril posição a lembrar-me as astúcias nas rodas de negros, mãezinhas,
voações nas manhãs
do bRasil :: estou a ponto de escavar até encontrAr conchas reais da suprema
natureza, gemas,
para tornar-me capaz de te dar um verdadeiro beijo,
e nossas almas se iludirem, beijadas :: e nunca será o bastante :: estou

enfeitando todas as latinhas e monturos para tornar-me de fato esse
verdadeiro rapaz, único,
impossível de ser copiado :: será que vão me deixar? :: será que
os pensamentos urbanos me permitiriam
apurar tanta pureza? :: nessa minha lenta sublimação, os muares
vão me esticando, e deixando

meu canto esticado :: estou por aí, altivo e saboroso e sendo
teu soldado, um lento pastor, uma revelação
para os que sempre me esperam :: eu sou tudo que o teu suor
sagrado, aborígene, nessa terra santificada
aprumou, permitindo heras, fortificando rosas, conduzindo os
passos de teu novo homeM :: ((24 fev. 2016



><><>

OBÁ



Olho o teu espírito amigo,
Voraz e versátil,
Negro espírito,
Com a amizade de uma mãe loba,
Longínqua e doadora ::
Boas coisas vertem,
Por debaixo de teus dotes
Selvagens de loba, tua bondade
Faceira de alquimista-bruxa,
Onde os meus
Diversos meninos,
Doloridos e dionísicos,
Sonham ::

Cada um desses erês
É uma alegria
Marinheira,
Que mama,
Que medra
E que repica,
Como o soar de sinos,
No contato com
Intimidades
Vivas
De teu colo
Perfumado
De leite e ervas ::

Ó mãe marinheira ::
Tudo é lavra para a
Nossa inteligência
Notívaga,
Que nos alimenta,
Como alimentou
Um dia astronaves
Doidas e musicais ::
Lentas,
Vagarosas ::
Compridas ::
Longas ::
Intermináveis
Tranças
De longos
Cabelos,
Como as costuras
De uma sinfonia
Mítica sobre os
Sertões brasileiros ::


Componho uma
Coroa de flores
Para coroar
Nossas cabeças ::
Cabeças com ruídos
Sonoros de lembranças
Revolucionárias ::
Nelas, está tudo feito
A ferro ::
A ferro e sal ::
Estou na densidade bíblica
Da tua negra saia ::
E sou doente
Como uma sabedoria
Oriental, cheia
De enigmas
E pobrezas
Sobre
O Ocidente,
Os deslizes,
E os cruzamentos
Da história ::

Há o soar de cachoeiras ::
Há a docilidade de frutas
Crescidas ao calor de
Manhosas ribeiras ::
Experimento de tua dor
Com minha boca
Poética ::
E toda vez que te
Adorno, para
Te adorar em um pedestal,
Como que a barriga
De uma lua cheia
E grávida,
Confundindo a todos
Com seus segredos,
Me atordoa de
Martírios,
De maneira física,
Mas angelical,
Sagrada ::
Me belisca
O olhar,
Me coloca de
Joelhos ::







Nunca faço
O suficiente
Por te merecer ::
E nessa falta,
Intuo a necessidade
De mais estudos,
De mais floreios,
De mais belos ou
Escandolosos
Solos de guitarra ::
Subvertendo
O chão desse país
Escandaloso,
Te entrego minha
Vida e minha morte ::
Ninguém mais arriscaria
Tanto ::
Ninguém mais teria
Tanta ventura,
Ou tanta sorte ::

Na cabana em que
Vivemos, está
Tudo organizado
E nítido :: as levas
De coisas
Assadas ao forno,
Florzinhas
De bebês,
Incensos,
Literatura
Para os casais
Em chamas
:: a tua fronte
Já não esconde
Uma cabeça branca,
Lá adiante,
E é essa ardorosa
Visão que me
Atemoriza e
Me fascina
::
Sou eu
A poderosa
Lança do amor,
De origem
Africana,
Em busca
De relações
Mais pacíficas
E concretas,
Entre tudo
E entre todos,
Que façam
Juz à serenidade
De teus
Voluptuosos mistérios :: 

><

AMAZONA

onde não há pressa, o amor é uma visão longa, mineralizada, indestrutível  ::
há um oriente escondido

no bRasil, que aponta em uma direção meditativa, a direção de uma ioga faceira
autóctone, em que brincam

todos os casais permitidos por nossa miscigenação, enquanto filhos iguais da terra,
novos, fresquinhos

da colheita :: no ápice dessa meditação, seu nirvana, atingido a partir das pedras do
mercado, nas cidades, em seus pelourinhos,

colhemos a cordura de revelação mais que humana :: e nos tornamos
uma verdadeira índia, com a bênção




de krishna, dando voltas no planeta, permitindo visões amáveis sobre
o fim cruel da guerra :: onde não há

pressa, aguardamos até que todos ingressem no vagão da mágica visão do amor
bastante natural, porque

agregador de muitas vontades humanas, muitos pés, muitos vozes, muitas voltagens ::
onde não há pressa,

o super homem voa, sendo seu poder a velocidade que conquistou na cordura do ato
da espera :: sobre esse

pai eterno, há uma mulher feliz em formidável cavalgada, aprumando sua inteligência
e lhe apontando

a direção com os seios :: e dizendo-lhe, em balbucios, "somos a pintura da terra",

e sopram-lhe estrelas,
e voam-lhe os cabelos ::




BISÃO

parece que somos como plantas, necessitando de uma área bem arejada
para crescer, em contato

com água e o sol :: essas águas são meus amores pictóricos, formas naturais de
cor, que me permitem

pensar como um homem naturalmente são, formidável, fazendo coisas boas,
nunca banais (mesmo

se pequenas) :: há um drama da vida, nisso, que é um drama da qualidade
estética, da beleza ::




crianças em berços da disneylândia não são meu artístico aconchego :: do
modo como me encontro, sempre

escrevendo por tintas de uma enseada de cor americalatinófila, sempre por um
caminho dÁfrica,

apenadamente me encontro :: reunidamente me encontro com os mestres da
fantasia brasileira ::

são poucos os militares, dessa ordem, porém são os grãos-mestres da
elegia nativa apolínea ::

são soldados, com missão nativa de um solo de maria, parecem-se
com jesus cristo

e por isso cumprem um estranho destino por amor À humanidade,
de versarem

sobre uma beleza apenas em dinheiro pobre :: são um sentido fino para
a fantasia da

simplicidade :: pais do solo, pais da melodia, do escravo bento que apruma
com cara e pó o

rito completo da escravaria :: sob um céu de xangô, aconchegam o ruído pobre
de latinhas em arames,

como aquele obtido no berimbau :: pais da favela e do samba, da simplicidade
verde e rock, da mangueira natural

e das pradarias naturais da américa do norte, onde o bisão corre :: cascateiam
as águas, são solos,

portas e janelas míticas, portas de furnas com avencas, sempre apurando um açúcar,
uma efervescÊncia

natural das linhas humanas puras, sempre pintando uma novidade::
eternamente,

têm no máximo 25 anos de alma, na aparência jovem, e dormem nos
costados do infinito :: são os filhos

da loba eterna :: gostam de redemoinhos, samambaias e latas de cobre,
tinta de urutu e cascas de árvores ::

dentro dos arbustos, formam as tocas e escrevem falas que não possuem grossa
audiência ::

afastam-nos das cavernas para ensinar que o sentido oculto está na brandura da carne,
no sossego da

leitura ao sol, no chocolate, na pimenta, no leite :: vão com isso amadurecendo
uma posição

concreta no mundo, como a lona de um mito, a lona da arte como cura da
vida aos pobres :: são mambembes,

e sempre combatidos :: é difícil ser grão-mestre e grão
senhor dessa ordem :: aprende-se nela a voar

encapsulado em um mistério de águas geladas que voam e
decolam :: somente a variação dos solfejos

despretensiosos, imitando a escravaria inteira da América e dos
Estados Unidos, a punição vencida

com água, permite aos velozes a paciência necessária de espírito :: há uma
América pacifista em meu





coração, e eu me chamo sinuosamente aquele que respirou de maneira
boa até conquistar uma

afeição perfeita pela onda inteira da humanidade, todas as suas bandas da
morte, todas suas correrias,

todo seu desencanto :: agora, ainda sem saber tocar piano, reinvento os
pés, os passos da cigana

bailarina, em nome da liberdade, das crianças, em nome de minha própria morte ::

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viLa do osSo

 sou da vila do osso, beco da luz, vontade esquisita de pertencer a tudo o que é do mundo por meio do olho melhorado, adensado, possante, cr...